30 setembro 2007

Post it

Pausa para viajar. Volto para a semana.

29 setembro 2007

A verdadeira razão porque ganhou Filipe Menezes

Pacheco Pereira passou a manhã de hoje a cogitar sobre as múltiplas razões que terão levado Filipe Menezes a ganhar as eleições para a presidência do PSD. Parece que, para já, descobriu três, tantas quantos os posts que nos foi deixando no Abrupto:

Às 10:38,
"Uma das razões porque Menezes ganhou foi porque assumiu o papel de sindicalista do aparelho do partido, como já tinha sido com Valentim Loureiro contra as propostas de Rio. Não foi a única razão, mas foi importante."

Às 10:53,
"A outra razão pela qual Menezes ganhou, a mais importante para os votos que obteve, tem a ver com a incapacidade do PSD suportar mais tempo de oposição e ter "pressa" de chegar ao poder".

Às 12:13,
"Um dos grandes e eficazes eleitores de Menezes foi a acedia".

Mas não serão razões a mais? Por mim, juraria que Filipe Menezes ganhou apenas porque foi o candidato mais votado. Ou estarei enganado?

25 setembro 2007

Agarra que é leitor

"Ou um livro nos conta uma história que agarra o leitor às primeiras linhas ou, não sendo a história, o que é que o livro tem para nos prender? A beleza da narração, a novidade da escrita. Alguma coisa tem de nos agarrar. Ou o que nos é contado ou a forma como nos é dito. Se um escritor desprezou as duas coisas e nunca mais avança nem recua na história e usa uma linguagem vulgar e descuidada, pagamos-lhe na mesma moeda: pomos o livro de lado"
Nelson de Matos
in Notícias Magazine, 05 Agosto 2007

Tal e qual como na retórica: "alguma coisa tem de nos agarrar".

22 setembro 2007

Gisele

Veio de Santos (Brasil) para Portugal há cerca de quatro anos. Para trabalhar, para viver. Começou por arranjar emprego em Gaia. Depois, casou-se. Com um português. E agora diz que já não volta (ao seu país). Só de visita. Por esta altura, o seu maior sonho é conseguir trazer também para cá o seu pai e o seu irmão. Vê-se que a Gisele é uma mulher de luta, uma vencedora. Ontem atendeu-me no restaurante-bar “Mar à Vista”, ali na Praia de Salgueiros, tão pertinho do mar que as próprias ondas parecem espreitar a mesa. A “francesinha” estava deliciosa. Mas nada teria sido igual sem a competência e o sorriso da Gisele. Para que conste.

Já está



"Conheci rios.
Primevos, primitivos rios, entes passados do mundo, lodosas torrentes de desumano sangue nas veias dos homens.
Minha alma escorre funda como a água desses rios"

20 setembro 2007

Literalmente persuasivo

"Estou a ver ali em cima da mesa o último romance de Luandino Vieira, que já não publicava há muito tempo. Tantos anos de silêncio e depois escreveu aquela coisinha pequena, que está ali em cima da mesa. Fui comprá-lo numa atitude displicente. Quando abri o livro e li o primeiro parágrafo vieram-me as lágrimas aos olhos. Não porque ele relatasse uma história comovente, apenas porque é tão belo que me comoveu. É de uma beleza dolorosa. Demorou vinte anos a trabalhar aquela escrita, aquelas palavras inventadas."

Nelson de Matos

in Notícias Magazine, 05 Agosto 2007

Por A, mais B e mais C, não tencionava comprar este novo livro do Luandino Vieira. Mas agora que o dito persuasivo se anuncia tanto quanto a sua própria descrição, como poderia fingir que o comovente primeiro parágrafo não existe? Não, não poderia. Vou comprá-lo amanhã mesmo. Obrigado, Nelson de Matos.

16 setembro 2007

Destino cruel

Impressionou-me ler na Tabu (*) deste fim de semana que Urbano Tavares Rodrigues já não gosta de viver.

Que a vida foi generosa com ele, que acha que sim. Que sempre se meteu muito a fundo nas coisas, que teve muitos sofrimentos e muitas alegrias. Mas à pergunta "Ainda gosta ou não?" responde com frontalidade: "Acho que não. Não gosto. Mas gostava intensamente de viver. De viver intelectualmente e viver fisicamente." Aos 83 anos, gravemente doente (do coração), Urbano Tavares Rodrigues vê o confronto com a morte tão presente na sua obra passar da ficção para a realidade. Tem consciência de que lhe resta um tempo de vida muito limitado, que a morte o pode surpreender a todo o momento. "Pensa nisso?", atira a jornalista. "Neste momento, penso serenamente. Não sei quando será, mas no meu caso é para breve"- assevera o escritor, que já não gosta de viver.

Que destino mais cruel: viver de paixões e, depois, perder a paixão pela própria vida.


(*) Entrevista de Catarina Homem Marques

15 setembro 2007

Sócrates: o nosso jeitoso?

José Pedro Gomes em entrevista ao NS-Notícias de Sábado de hoje:

NS-Pegando no título do seu livro, 'O País dos Jeitosos', quem é o nosso principal jeitoso?

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-Acho que neste momento é o Sócrates. É um tipo que finge estar a fazer grandes coisas no País, mas pelo que vejo não está a fazer as coisas certas. (...). A própria entoação com que fala é completamente falsa.

Até parece que o José Pedro Gomes está a morrer de inveja por Sócrates fingir muito melhor do que ele. É que no actor toda a gente repara que finge. Já Sócrates, ainda tem quem o leve a sério. Até quando?

14 setembro 2007

Palavras a mais ideias a menos?

"Em tempos de tantas palavras e tão pouco sentido, não será um dever escrever o menos possível?"

Manuel António Pina
JN, 14 Setembro 2007

[Rodrigo Guedes de Carvalho:] "um narrador palavroso e oco"

Pedro Mexia
Ípsilon (Público), 07 Setembro 2007

Do abstracto ao concreto, a mesma ideia, em poucas palavras.

12 setembro 2007

Woody Allen, Ingmar Bergman e as maiores questões da humanidade

Woody Allen escrevendo sobre Ingmar Bergman:

"O seu trabalho sondava as maiores questões da humanidade e os seus poemas de celulóide eram frequentemente profundos. Mortalidade, amor, arte, o silêncio de Deus, a dificuldade das relações humanas, a agonia da dúvida religiosa, o fracasso do casamento, a dificuldade de comunicação entre as pessoas"

Ípsilon (Público), 07 de Setembro de 2007


Como sempre teria de acontecer, Bergmam parou a câmara mas não o tempo. Um tempo em que, sabe-se agora, tinha longas conversas com Woody. De que terão falado? Falaram, com toda a certeza da "poesia do celulóide", de arte, de imagem e movimento, de vida. Falaram das "maiores questões da humanidade" a começar (ou acabar) pela "dificuldade de comunicação entre as pessoas". Dificuldade de comunicação que o cinema reconhece e questiona mas que a retórica tudo faz para ultrapassar ou reduzir. E é também daí que vem a sua legitimidade persuasiva.

10 setembro 2007

Conversamos com simpatia

À Lucília Nunes:

"recebemos um contentamento muito maior da aprovação daquelas pessoas que nós próprios estimamos e aprovamos"

David Hume,
Tratado da Natureza Humana, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 377

08 setembro 2007

A imagem na retórica


Excelente imagem foi a que deixaram Hélder Prior e Manuel Bogalheiro, dois jovens doutorandos da Universidade da Beira Interior (antigos alunos da Prof.ª Ivone Ferreira) ao apresentarem na mesa de Retórica do V SOPCOM a sua comunicação sobre as potencialidades retóricas da imagem. Parabéns a ambos e... fica o convite para publicarem aqui um breve apontamento sobre o tema. Pode ser?

03 setembro 2007

A prioridade das impressões sobre as ideias

Hoje na TV, em directo da Bienal de Cerveira, grande plano para uma instalação cultural que satiriza o presidente americano George Bush. Na altura vai a passar uma jovem visitante que, interpelada pelo repórter, responde com o que lhe vai na alma:

Repórter: gostou?
Jovem: gostei, gostei muito. É assim mesmo, devia morrer ou estar preso (o Bush).
Repórter: porquê?
Jovem:(embasbacada) ahm... é a minha opinião.

Temos assim que a jovem sabe o que sabe, só não sabe porque sabe. Sabe que nao gosta de Bush, sabe até o que lhe deveria ser feito ou acontecer, mas não sabe porque sabe uma coisa dessas. Para agravar as coisas, ao não saber chama-lhe opinião.

Como explicar este tipo de reacção que não é tão raro quanto isso? A pessoa está convencida de uma coisa a tal ponto que sobre essa coisa julga ter uma opinião e, contudo, quando interrogada, não consegue justificar logicamente a sua convicção. Teremos aqui uma aplicação daquilo que Hume reconhece ser o primeiro princípio que estabelece na ciência da natureza humana: o princípio da prioridade das impressões sobre as ideias? (*)

(*) Hume, David (2001), Tratado da Natureza Humana, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 32-35.

01 setembro 2007

Nos céus de Gaia e do Porto

Steve Jones voou mais alto numa corrida espectacular. Aliás, incrível.

Resultados e classificações: aqui.